Ocupação de terras e administração estatal de disputas: Um estudo antropológico em uma cidade de Buenos Aires se interessa pela forma como uma disputa pelo direito à moradia digna é construída e administrada em uma cidade de Buenos Aires, Argentina. A partir da reconstrução de um evento de ocupação do solo, serão investigadas as diversas leituras jurídicas e critérios de legitimidade mobilizados pelos atores envolvidos. Por outro lado, será explorada a gestão estadual do conflito, atentando-se para as ações, linguagens e temporalidades que operaram em seu processamento. O registo do evento em um contexto de maior relevância nos permitirá perceber que não se trata de uma excepção, mas sim de um problema recorrente que, neste caso, ascendeu ao nível de reclamação coletiva.

Land Occupation and State Administration of Disputes: An Anthropological Study in a Buenos Aires City is interested in the way in which a dispute over access to the right to decent housing is built and managed in a Buenos Aires city in Argentina. Starting with the reconstruction of a land occupation event, the various legal readings and criteria of legitimacy mobilized by the actors involved will be investigated. On the other hand, the state administration of the conflict will be explored, paying attention to the actions, languages and temporalities that operated in its processing. The registration of the event in a greater context of significance will make it possible to note that it was not an exception, but a recurring problem that, in this case, escalated to the level of a collective claim.

RESUMEN: Este trabajo se interesa por el modo como se construye y gestiona una disputa por el acceso al derecho a una vivienda digna en una ciudad bonaerense de Argentina. A partir de la reconstrucción de un evento de ocupación de tierras se indagará en las diversas lecturas jurídicas y criterios de legitimidad movilizados por los actores involucrados. Por otro lado, se explorará la administración estatal del conflicto prestando atención a las acciones, lenguajes y temporalidades que operaron en su procesamiento. La inscripción del evento en un contexto mayor de significación posibilitará advertir que no constituyó una excepcionalidad, sino una problemática recurrente que, en este caso, escaló al nivel de un reclamo colectivo.

Resumo Este trabalho é parte de uma pesquisa etnográfica que procura avançar no entendimento das modalidades atualmente assumidas pela proteção das crianças consideradas “em risco”. Com base no trabalho de campo implementado em uma agência estadual para a proteção e a restituição dos direitos da criança, são analisadas as modalidades de intervenção sobre esta população e suas famílias em uma localidade de médio alcance da província de Buenos Aires, Argentina. O trabalho se concentra nos cenários dúbios que moldam a tradução da linguagem dos direitos em intervenções concretas realizadas pelos agentes desta agência. Se argumenta que os significados atribuídos à proteção da criança, principalmente associados a diferentes noções como consenso, voluntariedade e responsabilidade familiar, são enfatizados na prática concreta e situados através da ressignificação da linguagem dos direitos na interação entre as famílias e o Estado.

Abstract This article is part of ethnographic research that seeks to contribute to the understanding of the modalities of protection of children considered “at risk”. Based on fieldwork conducted in a state agency for the protection and restitution of children’s rights, it analyzes the modalities of intervention on this population and their families, in a mid-sized locality of the province of Buenos Aires. The paper focuses on the dilemmatic scenarios that shape the translation of the language of rights into concrete interventions carried out by state agents. It is argued that the meanings assigned to child protection, mainly associated to notions such as consensus, voluntariness and family responsibility, are put under strain in concrete and situated practice by resignifying the language of rights in the interaction between families and the State.

Resumen Este trabajo se enmarca en una investigación etnográfica que busca avanzar en la comprensión de las modalidades que asume en la actualidad la protección de la infancia considerada “en riesgo”. A partir de un trabajo de campo desarrollado en un dispositivo estatal de protección de derechos, analizo las modalidades de intervención sobre la infancia y sus familias en una localidad de rango medio de la provincia de Buenos Aires. El trabajo se centra en los escenarios dilemáticos que configura la traducción del lenguaje de derechos en intervenciones concretas efectuadas por agentes de este dispositivo. Con ello busco mostrar que los sentidos dados a la protección de la infancia, asociados principalmente a nociones como el consenso, la voluntariedad y la responsabilidad familiar, se tensionan en la práctica concreta y situada resignificando el lenguaje de derechos en la interacción entre familias y Estado.

Resumen: este trabajo se desprende de una investigación orientada a la comprensión de las actuales modalidades de intervención social sobre la niñez en riesgo, dentro de la denominada protección de la infancia, desde el enfoque de derechos, en Argentina. Busco comprender dichas modalidades de intervención, al centrarme en las actuaciones de los agentes institucionales de un organismo estatal de protección de derechos de la infancia, en una localidad bonaerense de rango medio. El material aquí presentado es resultado de una aproximación etnográfica y narrativa a las actuaciones desplegadas por dichos agentes sobre las familias con las cuales interactúan, con el fin de acceder a los esquemas de significación que las enmarcan. Realicé mi trabajo de campo, durante el año 2018, a partir de una estadía de cinco meses en el organismo estatal, haciendo uso de la observación participante como principal técnica de investigación. Argumento que la confianza que permea el vínculo entre agentes estatales y familias destinatarias de las intervenciones es concebida como valor moral vehiculizador del trabajo aleccionador realizado, fundamentalmente, sobre mujeres-madres. Esta característica no flexibiliza, sino que refunda la asimetría propia de la relación, estilizando mecanismos de control y vigilancia. A su vez, las familias hacen uso de la retórica institucional disponible, como modo de traducir su experiencia social al lenguaje de los derechos, ofreciendo así la transformación esperada. Este trabajo muestra el modo en que los actuales formatos de intervención sobre la infancia y sus familias incorporan novedosos elementos como la confianza y el afecto que, sin embargo, se traman con perdurables mecanismos de poder propios de la dimensión tutelar del Estado. Asimismo, problematiza el lugar de las familias en la interacción con agentes estatales para permitir una comprensión de su accionar a partir del uso y apropiación del lenguaje de los derechos.

Abstract: This paper is part of a study intended to elucidate the current modalities of social intervention on children at risk in Argentina, as part of what is known as child protection and from a rights-based approach. I attempt to comprehend these modalities of intervention by focusing on the actions of the institutional agents of a state organism for the protection of children's rights in a mid-range area of Buenos Aires. The material presented here stems from an ethnographic and narrative approach to the actions carried out by these agents in relation to the families with which they interact, in order to access some of the significant schemes that frame them. I conducted my fieldwork in 2018, during a five-month internship in the organization, using participant observation as the main research technique. I argue that the trust that permeates the bond between state agents and the families targeted by the interventions is conceived as a moral value that conveys the instructive work carried out, fundamentally, on women-mothers. This characteristic does not serve to make relationships more flexible, but rather reestablishes itself to stylize control and surveillance mechanisms. At the same time, families make use of available institutional rhetoric as a way of translating their social experience into the language of rights, thus effecting the expected transformation. This work shows how current models of intervention involving children and their families incorporate new elements such as trust and affection, which, however, are woven with enduring power mechanisms typical of the scope of the state’s protective services. It also discusses the place of families in the interaction with state agents to enable an understanding of their actions based on the use and appropriation of the language of rights.

Resumo: este trabalho deriva de uma pesquisa orientada à compreensão das atuais modalidades de intervenção social sobre a infância em risco, no âmbito da denominada “proteção da infância” e sob a abordagem de direitos, na Argentina. Pretendo compreender essas modalidades de intervenção ao me focar nas ações dos agentes institucionais de um órgão estatal de proteção de direitos da criança, em uma localidade bonaerense de classe média. O material apresentado é resultado de uma aproximação etnográfica e narrativa das ações desenvolvidas por esses agentes sobre as famílias com as quais interagem a fim de ter acesso aos esquemas de significação que as delimitam. Realizei meu trabalho de campo durante 2018, a partir de uma estada de cinco meses na organização estatal, fazendo uso da observação participante como principal técnica de pesquisa. Argumento que a confiança que permeia o vínculo entre agentes estatais e famílias destinatárias das intervenções é concebida como valor moral mobilizador do trabalho disciplinar realizado, fundamentalmente, sobre mulheres-mães. Essa característica não flexibiliza, mas sim remodela a assimetria própria da relação, estilizando mecanismos de controle e vigilância. Por sua vez, as famílias fazem uso da retórica institucional disponível, como modo de traduzir sua experiência social para a linguagem dos direitos, oferecendo assim a transformação esperada. Este trabalho mostra o modo em que os atuais modelos de intervenção sobre a infância e suas famílias incorporam novos elementos como a confiança e o afeto que, contudo, são estruturados com perduráveis mecanismos de poder próprios da dimensão tutelar do Estado. Além disso, problematiza o lugar das famílias na interação com agentes estatais para permitir uma compreensão de seu agir a partir do uso e da apropriação da linguagem dos direitos.

Resumo O objectivo deste artigo é reflectir sobre a produção documental e estudos de caso baseados no trabalho etnográfico desenvolvido em duas agências estatais de gestão de conflitos na cidade de Olavarría, Província de Buenos Aires, durante o ano de 2018. Por um lado, salientamos a importância que os documentos têm como pistas, e também como práticas, para explorar a infância e a vizinhança como formas sociais sujeitas a regulação estatal. Neste sentido, descrevemos e analisamos a forma como as formas de documentação do Estado têm impacto no tratamento dos conflitos de vizinhança e na administração de situações associadas a crianças “com direitos violados”. Por outro lado, salientamos também o potencial e os limites que uma abordagem metodológica baseada em casos concretos implica para o desenvolvimento e a continuidade da nossa investigação.

Abstract The aim of this paper is to reflect on the documentary production and case studies based on the ethnographic work developed in two state agencies of conflict management in the city of Olavarría, Province of Buenos Aires, during the year 2018. On the one hand, we highlight the importance that the documents have as clues, and also practices, to explore childhood and neighbourhood as social forms subject to state regulation. In this sense, we describe and analyze the way in which the State’s forms of documentation impact the processing of neighborhood conflicts and the administration of situations associated with children “with violated rights”. On the other hand, we point out the potential and limits that a case-based methodological approach implies for the development and continuity of our research.

Resumen El objetivo de este artículo es reflexionar acerca de la producción documental y el estudio de casos a partir de la labor etnográfica desarrollada en dos organismos estatales de administración de conflictos en la ciudad de Olavarría, provincia de Buenos Aires, durante el año 2018. Por un lado, destacamos la importancia que los documentos comprenden como pistas, y también prácticas, para explorar la niñez y la vecindad como formas sociales objeto de regulación estatal. En este sentido, se describe y analiza el modo en que las formas de documentar del Estado impactan en la tramitación de conflictos vecinales y en la administración de situaciones asociadas a la niñez “con derechos vulnerados”. Por otro lado, nos ocupamos de señalar las potencialidades y límites que implica para el desarrollo y continuidad de nuestras investigaciones un abordaje metodológico centrado en casos.